Dog Walkers- uma profissão que cresce!
Moradora de Nova York,
Lúcia Guimarães publicou no caderno de cultura do Jornal O Estado de São Paulo,
há algum tempo, um relato excelente sobre uma profissão comum nos Estados
Unidos e que já ganha adeptos também no Brasil: os dog walkers. Ou seja, as
pessoas que passeiam com cães porque seus donos não têm tempo para isto. Das
mais dignas essa profissão. Afinal, um conforto emocional para os donos que
gostam dos bichos mas não têm como dedicar mais tempo a eles.
“Na calçada, o grupo
diverso espera sentado. Eles têm idades, tamanhos e temperamentos diferentes,
mas aprenderam a ficar em repouso por alguns minutos. Com sua força física
somada, uma reação súbita os levaria a derrubar o frágil poste de metal que
sustenta o toldo da entrada do meu edifício. A cena se repete em qualquer
quarteirão da cidade.
Os dog walkers, pessoas
que passeiam com os cachorros dos ocupados nova-iorquinos, amarram os bichos na
porta de prédios enquanto vão recolher mais um para a caminhada matinal.
Observando o tamanho dos grupos é fácil acreditar por que a profissão informal,
frequentemente exercida por estrangeiros sem documentos, permite uma renda
mensal superior, às vezes, à do cliente que contrata o serviço.
Pelo menos 83 milhões de
cachorros vivem nos Estados Unidos e, desde os anos 70, eles se multiplicaram
mais rápido do que a população humana. A explosão da indústria americana de
animais de estimação, com receita estimada este ano em US$ 60 bilhões haveria,
é claro, de ser importada no surto de emergência consumista brasileiro, onde
não basta imitar estilos de vida, é preciso desfrutá-los em inglês.
Nos Estados Unidos, mais de 60% das pessoas
que moram sozinhas têm animais domésticos. Além de ótimo companheiro, os
médicos confirmam que a presença de um cachorro faz bem à saúde do dono: contribui
para baixar a pressão, combater a melancolia e força idosos a fazer mais
caminhadas. Há grupos de voluntários que levam cachorros para alegrar crianças
hospitalizadas.
Se você notar alguém num
restaurante nova-iorquino acompanhado de um cachorro usando um colete como um
uniforme, pode concluir que a exceção à proibição habitual de entrada de
qualquer bicho se deve ao fato de se tratar de mais do que um animal de
estimação: ele é um acompanhante terapêutico, assim designado porque um médico
comprovou que um paciente sofredor de, digamos, síndrome de pânico, se
beneficia da companhia constante de um cachorro.
Os Estados Unidos
conseguiram diminuir drasticamente a eutanásia de cachorros com campanhas pela
adoção nos abrigos. O casal Obama foi bastante criticado em 2009 quando
adquiriu sua primeira cadela da raça cão d'água português de um canil e não deu
o exemplo da adoção.
A medicina estende a
vida, nem sempre com qualidade de vida. Ouvi de um veterinário nova-iorquino um
desabafo que soava meio culpado: "Graças a cirurgias e remédios, os
cachorros doentes estão vivendo mais e seus donos não aguentam tomar conta
deles nos anos de velhice prolongada". Está aí uma indústria cujo
crescimento, sem educação do consumidor, a longo prazo, incentiva a crueldade.
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